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Gabriela Relvas

Nasci em 1983, no Porto e, aos três anos queria ser cantora. A partir daqui, sonhei sempre com quase tudo e nunca com matemática. Quis ser atriz, jogadora de futebol, letrista e poeta, estilista e caricaturista, apresentadora de televisão e locutora de rádio. De uma maneira ou de outra, todas estas coisas acabaram por acontecer. Mas, sobressaíram as que mais amava e, descortinei uma outra, a que mais me mexe. No fundo, nessa altura, eu já queria contar histórias, só não o sabia apalavrar.

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Fui federada em futebol de onze até ir para Coimbra, em 2005, onde me licenciei em Comunicação Social. Seis meses dos quais em Groningen, nos Países Baixos, para integrar o programa Campanhas de Comunicação Criativa. Depois, inquieta, formei-me logo de seguida como atriz, em Lisboa. Lancei um álbum de hip-hop e R&B, fiz musicais, teatro, séries, telefilmes e novelas. Apresentei programas de economia, saúde, entretenimento e cultura. Fiquei mais de duas mãos cheias de anos em Lisboa. Passei pela RTP, SIC, TVI, Record TV e EDP on TV. Em 2018 regressei ao Porto. Aqui, transformei as crónicas do meu blogue A Vida em Play no livro A Ilha da Formiga (Coolbooks, Porto Editora). Fiz cinema pela primeira vez, apresentei programas em direto no Porto Canal, aconteceu a minha primeira série na HBO, e, publiquei o meu primeiro romance, Gula de Uma Rapariga Esquelética de Amor (Suma de Letras, Penguin Random House). Agora, escrevo o terceiro, financiado pelo anterior. O inusitado da vida quis que a personagem principal do meu segundo fosse uma pintora, talvez para me fazer pintar. Vendi dois quadros e meti-me no avião, rumo ao cenário onde acontece agora o romance que me atormenta e apaixona.

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Continuo a trabalhar neste carrossel de variedades, mas sempre mais adicta por escrever. Sempre muito mais adicta por escrever. É a minha droga mais pesada.

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Livros

Livros

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GULA DE UMA RAPARIGA ESQUELÉTICA DE AMOR

Romance

Suma de Letras, 2022

Ninguém nos prepara para isto, nem o Júlio calado, nem as lágrimas da Cristina, nem a Odete nua no whisky, nem a sola de madeira no osso, as coisas que nos espantam pouco nos imunizam. É como se viver fosse uma prescrição para pessoas mal preparadas, as bem preparadas não as conheço, serão almas que já aqui andaram e que agora nos veem e troçam de nós de perna cruzada no sofá enquanto passamos o chão a esfregona, fantasmas que penetram a parede da sala para dar à cozinha, abrem a porta do frigorífico e riem da marmelada que não solidificou, cacarejam ao ver o cu de quem metemos na cama, que do nosso já não conseguem rir, e bocejam esta frase pronta a causar dano, Ao que tu chegaste. Aquela noite veio a revelar-se na minha mais incompreensível inaptidão.

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"Neste romance de estreia, Gabriela Relvas vira tudo do avesso numa linguagem frenética, desprovida de regras e carregada de inconformismo. Sara Branco Bizarro, personagem principal desta história, pinta retratos rápidos de uma trama de segredos que emergem dos lugares mais recônditos da sua existência, numa narração insaciável. Gulosa, a rebentar, ainda que vazia; um isco de ingenuidade gordo de antíteses.

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Prestes a fazer quarenta e dois anos, circula no passado por necessidade, põe na mesa a criança que viu o que não devia ter visto.

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Um livro vertiginoso e poderoso sobre o que, por vezes, custa ser mulher."

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A ILHA DA FORMIGA

Romance

Coolbooks, 2019

Deixem-me voltar ao narrador, na tentativa de não me parecer tão eu e ficar mais à vontade para falar-me. Talvez por nada particularmente emocionante acontecer, ela, conta que aconteça. Então, à mínima oportunidade, elabora. A Ilha da Formiga estava-lhe atravessada! “Um nome cheio de potencial para ser uma vida inteira!”

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Uma vida inteira aconteceu-me enquanto escrevia. Juntei um mais um. A Ilha da Formiga, um nome extraído do café das 8 da matina, enquanto comia pão de alfarroba com azeite, que mais sabia a chocolate. Noutros cafés, outras coisas. Aconteceu-me a Helena, com a música espanta-merdas perfeita a provocar-me o ouvido. Invadiram-me Bestas, Dias de glória e de Desapego. E dias em que o amor foi Amoras. O narrador nem sempre foi preciso. Aconteceu com o tempo. O tempo tolda-nos os pensamentos ao mesmo tempo que nos põe nus.

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Naquela manhã o nome Ilha da Formiga vestiu-me. Pôs-me pronta. Talvez dê nome a isto, pensei. Este estado de isolamento com mil pensamentos trabalhadores cheios de fome de voz. Alguns a fazerem-me cócegas, outros a foderem-me o juízo. É que isto de viver vai-nos às emoções.

© 2024, Clube das Mulheres Escritoras

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